Não auto-medique os seus animais

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 Apesar de muitas vezes acharmos fazer o melhor pelo nosso amigo de quatro patas, nem sempre a auto-medicação é a melhor maneira de o ajudar. Há certos medicamentos não sujeitos a receita médica que são de uso comum e seguro em humanos, nomeadamente para tratar situações de indisposição, dor ou febre ligeira, mas que não devem ser utilizados nos nossos animais de estimação, correndo-se o risco de os levar à morte.

 Medicamentos da classe dos anti-inflamatórios não esteróides, analgésicos e anti-piréticos, tais como o acido acetilsalicílico (Aspirina), paracetamol / acetominofeno (Ben-U-Ron, Panasorbe), ibuprofeno (Brufen, Trifene, Spidifen), diclofenac (Voltaren, Olfen), entre outros, não devem nunca devem ser administrados por auto-medicação ao seu animal, pois cães e gatos têm um organismo diferente do do ser humano, tendo portanto metabolismos diferentes.

 Outra razão pela qual não se deve auto-medicar os nossos animais é a diferença na dosagem. Mais uma vez, organismos diferentes implicam metabolismos diferentes, de maneira a que um medicamento utilizado em humanos pode até ser seguro em animais mas em doses muito diferentes, daí que seja de extrema importância só dar a medicação prescrita pelo seu médico veterinário, pois ele, melhor do que ninguém, sabe quais os medicamentos indicados e dosagens apropriadas.

 Os principais sintomas de intoxicação são cianose (mucosas arroxeadas, nomeadamente as gengivas, interior das pálpebras, etc), vómitos, diarreia com sangue, dispneia (dificuldade respiratória), edemas (acumulação de líquidos) em várias partes do corpo, em especial na face/lábios e membros, depressão, febre (e aqui salientamos que a temperatura corporal normal de um animal é diferente da de um humano), que podem levar a danos renais e hepáticos irreversíveis, bem como a vários distúrbios hematológicos, ou seja, distúrbios do sangue -- coagulopatias, hemólise, meta-hemoglobinemia, etc.

 Desta maneira, recomendamos que nunca auto-medique um animal, mesmo achando que está a fazer o melhor para ele pois esta atitude pode trazer sérias consequências, podendo mesmo levar à morte do seu amigo.

 No caso do paracetamol, este pode ser mortal para um gato em doses relativamente baixas (um comprimido de 250 mg pode matar um gato adulto). Em cães, embora seja tóxico, a afecção é menos grave e raramente provoca intoxicação grave (a dose mediana letal é entre 150 e 200mg/kg em cães), mas mesmo doses significativamente inferiores pode provocar danos hepáticos irreversíveis que muitas vezes só são aparentes 48h ou mais depois da toma, danos esses que podem prejudicar severamente a qualidade de vida do animal a médio/longo prazo.

  Há protocolos médicos para minimizar ou reverter a intoxicação por paracetamol. No entanto, o animal deve ser levado imediatamente a um médico veterinário por forma a que o tratamento seja iniciado tão rapidamente quanto possível. Quanto mais tempo passar entre a ingestão do medicamento e o início do tratamento maior é também a probabilidade da ocorrência de danos sérios e irreversíveis, incluindo insuficiência hepática e renal, coma e morte. O seu veterinário poderá fornecer-lhe mais informações sobre este assunto.

 Voltamos a referir que em caso de ingestão de qualquer um destes medicamentos o seu animal de estimação deve ser levado imediatamente a um veterinário.